Vago
Sem teus toques
Fico vago
De você
Vago...
Pra qualquer lado
Vago
Logo largo
Os meus abraços
E me calo
Vago...
Não roubei teus discos ou teus vícios. Deletei-me da inconsciência da companhia solitária, alardeando somente à mim qualquer besteira. Não me lembrei de esquecer qualquer coisa que nunca havia dito. E insisto: nada como outro que não eu. Há de me cumprimentar, pois sei que a solidão é tão melhor suportada quando estou só.
Não sou o que faço ser. Nem sei se sou o que finjo. Não insisto em ti porque o que existe aqui não é ser de fato só. E assim em mim não há. Nem lá. Aqui muito menos o ar.
Cá estou, em algum lugar por ai. Sem rir, mostro os dentes. Choro também sem lágrimas. E não dá, de lá, estar aqui.
Por pouco, cheio de curvas. Denso, dentro dessa névoa, toco-me sem me sentir.
Não estou aqui, quando falo de mim. Perco-me a tarde, quando chego assim. Poucas coisas minto, quando digo, porque sou algumas tolas verdades.
Não brinco de mentiras, mas insisto em todas as verdades que não digo.
Às vezes crio essas vozes vazias e tento dizer aquilo que me cala.
Eu ainda não sou, e nem aqui estou.
Mas não me amargo. Este sorriso sincero é aquém do que quer transformar.
Solicito à mim, o que agora sou eu. E creio que de mim, nada me restou.
Lembro-me bem ainda de tudo que se faz.